Mostra de Instrumentos Musicais Coleção Emília Biancardi
Quem visita esta mostra, tem a rara oportunidade de apreciar instrumentos musicais primitivos, adquiridos pela professora Emília Biancardi entre outros criados por ela durante seus 40 anos de estudos e pesquisas em etnomusicologia. Dentre as peças expostas, merecem destaque as flautas sagradas da tribo indígena do Xingu e o cavaquinho feito com pinicos, tornando-se uma das inusitadas criações de Emília Biancardi.


An exhibit of Musical Instruments from Emília Biancardi’s Collection
Visitors will have a rare opportunity to see primitive musical instruments acquired by Emília Biancardi, and others crated by her, during her forty years of study and research in ethnomusicology. Among the pieces on display, several deserve special mention such as the sacred flutes from the Xingu tribe, and the pinicol, an instrument made from kiddy potties, one of the unusual creations by Emília Biancardi.

Apresentação

O Projeto Implementação da Coleção de Instrumentos Tradicionais "Emília Biancardi" visa realizar um conjunto de ações (exposições temáticas, oficinas, performances, palestras, atividades dirigidas, apresentações musicais e um encontro sobre música atual e tradicional da capoeira) focadas nos Instrumentos Musicais Tradicionais, tomando como base a Coleção de Instrumentos de Emília Biancardi, e assim, Realizar um programa de difusão e treinamento de iniciação musical da cultura popular e de aproximação de instrumentos musicais tradicionais para jovens e pessoas das comunidades vinculadas a associações e instituições das cidades envolvidas com o projeto.
Agregada à Coleção de Instrumentos, há também uma coletânea de Referências Musicais - material resultante de mais de 40 anos de pesquisa da referida etnomusicóloga - disponibilizada para consulta através de livros, fotografias, vinis, CD, vídeos e arquivos digitalizados. O projeto - que conta com o apoio institucional do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e do IPAC - visa concretizar o propósito de contribuir para democratizar o acesso aos bens culturais em Salvador e no interior da Bahia.


Para tanto, procuramos:

· difundir a cultura popular tradicional e fomentar o estudo e a pesquisa das nossas raízes musicais, em Salvador e no interior do Estado da Bahia;
· criar oportunidade de desenvolvimento de habilidades e potencial artístico dos participantes pela iniciação musical;
· Estimular o gosto e o estudo da cultura popular, usando como elemento motivador os instrumentos musicais tradicionais;
· estimular a opinião dos alunos sobre a ancestralidade musical, apoiando a preservação das tradições culturais;
· desenvolver atividades artísticas entre estudantes e pessoas da comunidade, promovendo a cultura e a arte, despertando neles o interesse pela preservação do bem comum e a arte como atividade profissional;
· assegurar a manutenção e implementação da Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi.


Emília Biancardi Ferreira sempre foi apaixonada pelo folclore. Com ascendência italiana (por parte de mãe), e português-africana (pai), Emília desde adolescente, em Vitória da Conquista, ficava fascinada com os festejos dos Ternos de Reis.
Etnomusicóloga de renome internacional por suas pesquisas sobre a cultura afro-brasileira nestes seus mais de 40 anos de atividade – publicou 6 (seis) livros de pesquisa que se tornaram referência em suas áreas sendo os de maior repercussão o "Raízes Musicais da Bahia", já em sua 2ª edição, e "O-le-lê Maculelê", em vias da 2ª edição; editou 4 (quatro) produções fonográficas, sendo 3 (três) na Bahia e 1 (uma) nos Estados Unidos.
Em 1962, Emília Biancardi criou e dirigiu, o 'Viva Bahia', no Instituto Normal Isaías Alves - atual Colégio ICEIA - o primeiro grupo parafolclórico* da Bahia que, mais tarde, transformou-se no 'Grupo Viva Bahia', que divulgou a cultura baiana no Brasil e no mundo e serviu de inspiração para outros importantes trabalhos na área.
Em 1968, Emília fundou no Colégio Estadual Severino Vieira, a "Orquestra Afro-Brasileira", onde os cerca de 150 alunos participantes, com idades entre 12 e 18 anos, geravam música de instrumentos criados a partir de talhas, bacias, chifres e ossos, muitos deles idealizados pela própria etnomusicóloga. O sucesso foi tamanho que chamou a atenção da imprensa nacional e levou a "Orquestra Afro-Brasileira" a fazer muitas apresentações em teatro e televisão até 1982, quando Biancardi passou a residir e atuar parte nos Estados Unidos e parte na Bahia.


A Coleção Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi possui cerca de 1000 instrumentos, que foram recolhidos nos muitos anos de turnês nacionais e internacionais dos seus espetáculos e que tem integrado na coleção o resultado da recriação de instrumentos tradicionais, em desuso ou ainda em uso, integrantes das três principais raças geradoras das nossas raízes musicais: o índio, o português e o africano como:
Instrumentos afro-brasileiros – para o acompanhamento rítmico – calimbas, berimbau de bacia, berimbau de lata, atabaques, agogôs de duas bocas, potes percutidos com abanos, alguidás de barro (cujas cabaças depositadas em seu interior, são tocadas com varinhas).
Instrumentos Indígenas – com destaque especial para o trocano, o tapadé, bastões de ritmo, flautas e maracas.
Instrumentos rurais – trazidos pelos portugueses como enxadas, tampas de panela, frigideiras, queixadas de boi, bacias, ralos e diversas peneiras usadas nas Casas de Farinha;
A exposição dos Instrumentos Musicais Tradicionais Coleção Emília Biancardi já percorreu vários locais. Dentre eles, o Caribean Cultural Center - Nova York, EUA. Na Bahia, a exposição já passou pela Galeria Solar do Ferrão – Pelourinho; FALA – Feira das Artes da América Latina – IV Mercado Cultural Latino Americano – Casa Via Magia, Salvador; Espaço Xisto Bahia, Salvador; Biblioteca Pública do Estado da Bahia, Salvador; Foyer do Teatro Castro Alves, Salvador; Galeria do Conselho Estadual da Cultura da Bahia, Salvador; Fundação Hansen Bahia – Cachoeira.



* Termo usado para aplicação de folclore em educação e arte.