Convite


Nos dias 7 e 8 de novembro acontecerá em Salvador o II Festival de Ladainha, Corrido e Quadra ou Chula – Prêmio Tributo aos Mestres Pastinha e Bimba.

O evento faz parte do II Encontro da Música Atual e Tradicional da Capoeira, integrando o calendário de atividades do Projeto de Implementação da Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais “Emília Biancardi”, que conta com o apoio institucional do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
Quem está à frente deste evento é a etnomusicóloga e pesquisadora da música folclórica brasileira Emília Biancardi, que colabora de forma significativa para a afirmação cultural da capoeira nos cenários nacional e internacional desde os anos 60, junto com Frede Abreu, coordenador do Projeto Mandinga – Instituo Jair Moura.
Em sua 1ª edição, em 2007, o Encontro demonstrou sua atualidade e importância, atraindo capoeiristas e estudiosos, provocando muitas expectativas favoráveis para a continuidade da realização desse evento. Em função disso, recebe agora o apoio institucional da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Esse apoio acena com a possibilidade de incluí-lo no calendário festivo anual da capoeira da Bahia.
Serão premiadas três categorias: Ladainha, Corrido e Quadra ou Chula.
O objetivo desse Festival é acentuar a função de fundamento que a música exerce para a realização dos ritos da capoeira, essencial para a dinâmica e definição de sua forma de expressão.Ao fomentar o aspecto atual da música da capoeira, o Festival reconhece a vitalidade dos muitos capoeiristas compositores e de suas novas experiências, identificando nesta produção os traços de tradição que continuam sendo mantidos, pois nas rodas de capoeira o cancioneiro tradicional continua sendo muito cantado e servindo de inspiração para novas músicas e experimentos.
À medida em que realça a importância da música da capoeira nas suas formas tradicionais (ladainhas, quadras ou chulas e corridos), tanto da Angola quanto da Regional, o Festival passa a ter uma finalidade didática, assegurando o destino destas formas como matrizes da manifestação símbolo da cultura afro-brasileira

Data: 7 e 8 de novembro de 2008
Hora: dia 7 (sexta-feira) às 18h / dia 8 (sábado) às 16h
Local: Largo Tereza Batista – Pelourinho

Maiores informações:
(71) 3266-6092 / 3489-5451 / 8732-2476 / 8103-4831
colecaoemiliabiancardi@gmail.com

Tributo aos Mestres Pastinha e Bimba


Mestre Pastinha
(1889-1981 )


Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos, que fez de tudo um pouco, trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tornou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte". Pastinha conhecia a capoeira, sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoeirista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil". Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer.Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos. Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da malandragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.Vicente Pastinha foi filmado, fotografado, entrevistado, gravou disco e deixou um livro, a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho que funcionava a sua academia, o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941. Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus, pandeiros e agogôs e principalmente, com os jogos que lá rolavam.


Fonte: http://www.portalcapoeira.com/Mestres/Mestre-Pastinha
Foto: acervo de Mestre Gildo Alfinete



Mestre Bimba (1899/1900-1974)


Sua iniciação se deu na Estrada das Boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador no estilo Capoeira Angola. Mestre Bimba ensinou por mais de dez anos. Em 1932, fundou a primeira academia especializada em Capoeira num tempo onde ainda era prohibida e repreimida. No Engenho Velho de Brotas, bairro em que nasceu, já havia desenvolvido seu próprio método. Em 1937 a sua academia foi registrada como, Centro de Cultura Física Regional e em 1939 ensinava a "Regional" no quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exécito. Os métodos militares influenciaram bastante na Capoeira Regional. Os exercicios físicos, a disciplina rígida e as emboscadas na mata presentes no seu curso eram práticas tipicamente militares. Inaugurou sua segunda academia em 1942, no Terreiro de Jesus. Por sua eficiênçia, seu método foi considerado o mais prático e perfeito, por isso ultrapassou fronteiras e ficou conhecido mundialmente. Muitas personalidades da vida política e social da Bahia foram alunas de mestre Bimba.Com o intuito de divulgar a Capoeira Regional, Bimba e seus alunos começaram a realizar inúmeras apresentações pelo Brasil. Muitas personalidades da vida política e social da Bahia foram seus alunos ganhando respeito e admiração das autoridades e abrindo caminho para uma demonstração para o então Presidente da República, Getúlio Vargas. Esta apresentação foi fundamental para a evolução da Cultura africana em noso pais. Getúlio legalizou a Capoeira, reconheceu-la como a luta nacional brasileira e, posteriormente, oficializou sua prática através do Ministério da Educação. Mestre Bimba se apresentou pela ultima vez na Bahia, no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA. Em 1973, Bimba despediu-se de Salvador e foi morar em Goiânia onde permaneceu até a morte.